SELO UNICEF

Ana Moser: "Selo criou relações que precisam ser mantidas"


Ana Beatriz Moser é daquelas pessoas que dispensa apresentações. Uma das principais atletas de vôlei da história do nosso país. Capitã da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Seul (1988), Barcelona (1992) e Atlanta (1996). Campeã nas quadras, Ana também não deixa a desejar fora delas. Há anos, é presidente do Instituto Esporte Educação, uma ONG que se "atreve" a ver o esporte de uma maneira diferente. Como direito a ser garantido para cada criança e adolescente do Brasil.

O IEE é parceiro do UNICEF desde antes do Inspiração Internacional, quando - junto com a ESPN - tocou a bola do projeto Caravanas do Esporte. Com o lançamento do Inspiração, o Instituto tornou-se uma das principais referências teóricas e metodológicas para o programa no Brasil. Recentemente, Ana e vários dos coordenadores da entidade estiveram reunidos com representantes do UNICEF para discutir os encaminhamentos do tema Esporte e Cidadania, que este ano mais uma vez faz parte do eixo Participação Social do Selo UNICEF Município Aprovado.

Entre uma e outra discussão, Ana conversou com o o blog Inspiração Internacional sobre a os desafios e oportunidades trazidos pelos megaeventos esportivos que serão realizados no Brasil, além de mandar um recado pra quem luta pelo direito ao esporte no país.

O que podem significar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 para o esporte educacional no Brasil?
Se não fossem as Olimpíadas, a Copa sozinha teria pouco impacto social. Com os jogos de 2016, o discurso é de transformar o Brasil numa nação olímpica. Não precisa falar de acesso quando se fala de futebol, por exemplo. O que a sociedade de uma maneira geral está cobrando é que não adianta fazer um grande evento e não ter esporte na escola, para todos, com planejamento e estrutura. Isso pode ser só discurso, mas pode virar a prática. Até 2016, podemos montar um sistema de esporte no país em que cada manifestação do esporte tenha seu lugar - do educacional ao rendimento. Temos condição para isso. O importante é que o discurso do legado tem que virar prática.

Você recentemente participou da III Conferência Nacional do Esporte. Qual é a importância desse processo na caminhada para a construção do sistema?

As conferências ampliam o acesso das pessoas a essa discussão, esses debates a tomada de decisões. Ainda não estamos num formato totalmente democrático. Ainda tem muitos rasis não representados. Isso, aliás, também tem que ser debatido. São vários esportes e diferentes manifestações do esporte. O que nós propomos é o esporte para todos, que é uma coisa que ainda não existe, então tem que ser criada. E as conferências são espaços para a gente debater, se colocar, se fazendo representar e participar do processo democrático. Da primeira conferência para cá, já melhoramos muito. A próxima tem tudo para ser melhor.

Em todo esse contexto, qual deve ser a postura adotada por quem participa do Inspiração e está lutando para ver o direito ao esporte ser garantido para todas as crianças?

A gente tem que continuar da mesma maneira, fazer o que está fazendo. No campo das políticas nacionais, já temos a indicação da Lei do Sistema e projetos de lei do Segundo Tempo e do Projeto Esporte e Lazer na Cidade (Pelc). Isso não vai mudar a realidade de hoje para amanhã. Mas a gente tem q continuar fazendo tudo o que a gente faz. O Brasil quer e precisa de políticas de esportes para todos. O sistema precisa chegar aos municípios. Existe uma indicação que esse é o caminho.

O Selo UNICEF tem algum papel nessa construção?

O Selo criou relações que precisam ser mantidas. Isso é pra fortalecer o debate sobre as políticas de atendimento. É uma oportunidade de investir na melhoria desses serviços. Os municípios têm que agarrar essa oportunidade para também trocar suas boas experiências com outros municípios. É um movimento que tem que ser aproveitado ao máximo.

Fonte: http://www.inspiracaointernacional.org.br/

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